Órgão Positivo do Museu de Aveiro

Concertos Inaugurais

16, 17 e 18 de Maio de 2003

UM PATRIMÓNIO

A CONSERVAR E DIVULGAR

Órgão Positivo do Coro-alto do Museu de Aveiro

Um património para conhecer e classificar

Instrumento musical composto por dois corpos unidos na vertical de secção rectangular: o corpo inferior acolhe o fole e o contra-fole, e apresenta no exterior quatro faces apaineladas, unidas nas arestas por pilastras escalonadas, tendo as faces anterior e posterior fixas e as ilhargas amovíveis; têm decoração de motivos vegetalistas pintados a dourado e delineados a traço preto sobre fundo de cor vermelha, formando reservas rectangulares. O corpo superior alberga o someiro, as válvulas, condutas, pandeiretes e o sistema de tubagem. O alçado principal tem vão central avançado sobre o fecho onde se alberga conjunto de 19 tubos flautados. Antecede um teclado em consola com 47 teclas, ladeado por botões de chamada, distribuídos em dois conjuntos: 4 botões à esquerda e 5 botões à direita. Sobre o teclado e, em plano recuado, encontra-se uma almofada amovível, com reserva rectangular de folhagem dourada sobre fundo de cor vermelha. A encimar um frontão quebrado aplicado sobre moldura em contracurvas, decorado com motivos vegetalistas e concheados, recortados e vazados. Ao centro do fecho e em reserva foi pintada uma data: 1784.

A ilharga direita, amovível, expõe em reserva rectangular com folhagem a dourado, delineada a traço preto sobre fundo de cor vermelha onde se regista uma outra reserva circular com a seguinte inscrição:

"ESTE ORGÃO/MANDOU FAZER/A M(VI)TO R(EVEREND)A M(ADR)E PRIORESA SOROR IZABEL NAR/CIZA NO SEU SEG(VN)DO TRIANIO."

Um património para valorizar e salvaguardar

A poluição atmosférica, o clima, a qualidade do imóvel em que o objecto se insere, a instabilidade das condições ambientais envolventes, ..., a par com as causas circunstanciais inerentes à mobilidade e uso do instrumento propiciaram, ao longo dos séculos, a degradação dos materiais constituintes deste órgão positivo. Daí a urgente e inevitável necessidade de intervir no bem cultural à nossa guarda de modo a assegurarmos a estabilidade física do instrumento bem como a consistência estética e histórica intrínseca a este objecto artístico. O restauro do Órgão Positivo do Coro Alto do Museu de Aveiro é o exemplo de um trabalho interdisciplinar decorrido ao longo de quatro anos em que diversas entidades participaram, revelando a especificidade de tratamentos e de respostas aos problemas que o objecto, no seu todo, nos colocou. Por tal razão não podemos deixar de registar o profissionalismo e empenho do Instituto Português de Conservação e Restauro – Divisão de Mobiliário, a cargo de quem esteve o exame e tratamento da caixa do Órgão Positivo, bem como da Oficina e Escola de Organaria do mestre organeiro Pedro Guimarães que se responsabilizou pelo restauro do sistema sonoro e mecânico do instrumento.

Um convite à participação cívica e institucional

No caso específico do Restauro do Órgão Positivo foi essencial recorrer ao mecenato para financiar o projecto. A proposta de restauro do Órgão contou com o empenho de entidades públicas e privadas, tendo resultado na assinatura de um protocolo de colaboração efectivado a 6 de Maio de 1998. Este documento regista a participação do Instituto Português do Património Arquitectónico, da Câmara Municipal de Aveiro, da Recer – Indústria de Revestimentos Cerâmicos e do Instituto Português de Museus. A generosa participação destas entidades facultou o exame, tratamento e intervenção de restauro do Órgão Positivo do Coro-alto do Museu de Aveiro.

Por Maria da Luz Nolasco

Aveiro, 2 de Maio de 2003