Desde muito jovem, esteve sempre ligado à música, surgindo o primeiro contacto com os órgãos de tubos, ainda com vinte anos de idade, por necessidade imperiosa de restauro no órgão da Igreja Matriz de S. Jorge, no Nordeste, Ilha de S. Miguel, lugar que o viu crescer, cujo restauro veio efectivamente a realizar-se em 1984. Autodidata até este período, vai chamar, pelo seu empenho, a atenção das Autoridades Governamentais e Eclesiásticas, para a necessidade e possibilidade de um trabalho criterioso e sério em favor dos órgãos históricos dos Açores. Assim vê surgir a oportunidade de conhecer as técnicas principais utilizadas no restauro e construção daqueles instrumentos, trabalhando com organeiros nacionais e estrangeiros, regressando aos Açores em 1987(ver observações). Nesse mesmo ano, monta Atelier em Ponta Delgada, dedicando-se exclusivamente ao trabalho da organaria, efectuando o seu primeiro restauro: Órgão da Igreja Matriz da Ribeira Grande, em S. Miguel. Depois vão-se sucedendo outros restauros em órgãos dos Açores, Madeira e Continente e até à data realizou 34 restauros em órgãos históricos, na sua maioria de características Ibéricas, de construção Portuguesa, da segunda metade do Século XVIII, em cuja área é especialista. Construiu até à data quatro instrumentos, sendo o maior, o Grande Órgão da Sé Catedral de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira. Realizou os inventários dos órgãos dos Açores e da Madeira, cujos trabalhos estão em fase de preparação, para publicação. Tem colaborado desde 1987 com a organização de todos os concertos de Órgão, promovidos pela Direção Regional da Cultura, nos Açores, incluindo os concertos festivos, realizados aquando da inauguração de cada instrumento restaurado. Ao todo 137 Concertos. Além do trabalho de restauro e construtor, tem desenvolvido intensa actividade no domínio da investigação técnica, colaborando com musicólogos e peritos nacionais e estrangeiros, no âmbito da organaria histórica portuguesa, de que é especialista. Tendo sempre contactos com organeiros estrangeiros, nomeadamente em França, Alemanha, EUA e Espanha, desloca-se frequentemente a outros países, afim de participar em Congressos e Colóquios, sobre a especialidade. Em alguns casos, desloca-se mesmo por interesse pessoal, afim de conhecer mais de perto as características dos órgãos desses mesmos paises. Em 1992, trabalhou em Espanha, com o Mestre Organeiro Gerhard Grenzing, no restauro do órgão histórico do Palácio Real de Madrid. Ainda em Espanha, efectuou um trabalho de investigação técnica, a um número significativo de instrumentos daquele País, afim de poder estabelecer comparações entre os instrumentos dos dois Paises, o que se provou efectivamente, defendendo de forma bem justificada, a existência da organaria portuguesa. Foi convidado pelo Ministério da Cultura, nomeadamente pelo I.P.P.A.R. Instituto Português do Património Arquitectónico, para efectuar um estudo técnico ao conjunto dos seis órgãos da Basílica do Palácio Nacional de Mafra, cuja situação é única no Mundo. No Congresso Internacional de Órgãos Históricos Portugueses realizado em Mafra, no ano de 1994, para onde foi convidado, Dinarte Machado, apresentou duas comunicações, a primeira sobre os Órgãos dos Açores, numa análise mais sintética e a segunda sobre o conjunto dos seis Órgãos da Basilica de Mafra. Ainda no mesmo Congresso, Dinarte Machado, consegue demonstrar, perante todos os congressistas, que tecnicamente existem diferenças entre os órgãos espanhóis e portugueses, a partir da segunda metade do séc. XVIII, reconhecendo-se a partir daí, a existência de um instrumento próprio de construção portuguesa, embora a sua estrutura de base, se identifique com a tradição daquela que designamos, organaria Ibérica. Deslocou-se à Índia, nomeadamente a Goa, a convite da Comissão para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e do Ministério da Cultura, afim de analisar os instrumentos ali existentes, cujo trabalho foi integrado no âmbito da investigação dos fundos musicais das "Velhas Conquistas". É membro de várias Associações Nacionais e Estrangeiras, ligadas à organaria e organística. Junto com o organista João Vaz, em 1998, organizou o Simpósio Internacional de Órgãos Históricos Portugueses, nos Açores. Os trabalhos mais recentes, quer de restauros, quer de construções de novos instrumentos, realizados e em curso, contam-se com o órgão positivo da Basílica da Estrela, realizado em 1998, órgãos da Igreja do Espírito Santo em Évora em 1999, o órgão do Salão Nobre do Conservatório Nacional, o restauro dos dois órgãos da Capela-Mor do conjunto dos seis órgãos de Mafra, existentes na Basílica, cujo restauro integral decorre num projecto chamado "Restauro dos Seis Reais Órgãos de Mafra". Em fase de construção, prosseguem os órgãos da Academia de Música de Santa Cecília em Lisboa, o Grande Órgão da Igreja de Nossa Senhora do Cabo em Linda-a- Velha, sendo este último o primeiro Grande Órgão construído em Lisboa e arredores, nos últimos 50 anos e o primeiro Grande Órgão de construção portuguesa em quase dois séculos. Em fase de restauro, estão três instrumentos dos Açores, o órgão da Igreja Matriz de Constância, órgão da Igreja da Misericórdia e Igreja de S. Tiago de Tavira, órgão da Igreja da Encarnação no concelho de Mafra, Seminário de Coimbra, órgão positivo da Igreja do Carmo em Évora, Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, órgão do Santuário de N Srª da Conceição em Vila Viçosa e órgão da Igreja da Misericórdia de Viana do Castelo. No inicio dos trabalhos de restauro no primeiro órgão da Capela-Mor da Basílica de Mafra, abriu uma filial do seu Atelier em Mafra (sediada no Palácio Nacional de Mafra com carácter permanente. Do site dedicado à Igreja de S. Francisco de Assis - Lisboa Fotos do site do organista Pilar Cabrera Manuel Dinarte Machado, na fase primária da sua actividade (1988), foi estagiário da empresa de António Simões, em Condeixa-a-Nova, iniciando, nessa época, o seu contacto com os órgãos do Continente, bem como os primeiros contactos com a actividade organística na Europa, através da FFAO (Association Francophone des Amis des Orgues). Os primeiros trabalhos de restauro, que efectuou, após esta data e até 1995, foram efectuados em colaboração com o mesmo organeiro, António Simões, em cuja empresa eram restaurados grande parte dos tubos dos órgãos restaurados por Dinarte Machado. Manuel Dinarte Machado foi associado da APAO (Associação Portuguesa dos Amigos do Órgão), até 1994. notas da APAO |
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