Jean Langlais (1907, La Fontenelle (Ille-et-Vilaine)-1991, Paris)


CANTO Nº 8 "PENSAI NA ETERNIDADE", dos "HUIT CHANTS DE BRETAGNE" (1975) PARA ÓRGÃO.

O canto nº 8, para órgão, realmente compõe-se de dois cantos litúrgicos populares, apresentados alternadamente; "Pensai na eternidade" ("Sonjit den faziet", em língua bretã), tema A, e "Ó Mãe do amor" (" O Mamma garante", em bretão), tema B.

O 2º tema, mais expressivo, é usado como refrão e a peça fica assim disposta sucessivamente: A - B - A' - B´- A''.

As harmonias, as mais dissonantes possiveis e agressivas, variam cada vez que os temas aparecem, mas na última vez, Langlais repete as harmonias do tema A ouvidas anteriormente ou sejam as dos cc. 3-4 e cc. 9 até 16.

Antes de acabar a peça, Langlais faz esperar, por 4 compassos, o acorde final da tónica sol ouvindo-se aqui, no agudo, intervalos harmónicos cromáticos de 4ª descendentes sustentados por um pedal agudo da tónica sol, como três cornamusas celtas, em meio às dissonâncias utilizadas magnificante no baixo, sobre o 6ª e 4ª graus.

As dissonâncias da peça podem ser explicadas talvez como simbolismo ao tema "pensai na eternidade" ou porque Langlais já se encontra no 3º período (de 1973 a 1990) de suas composições, quando tinha composto as páginas mais fortes de sua obra, como a suntuosa e inquietante 5º Trompete, última peça de suas Cinco meditações sobre o Apocalipse, estilo particularmente agressivo.

Os "8 cantos de Bretanha", compostos em 1975, foram executados em 1ª audição integral pelo autor no mesmo ano, em 30 de novembro, em Notre-Dame, Paris, nas audições de órgão aos domingos.

Langlais usou duas registrações : uma para o tema A, que ele tocou com Tutti do G.O. (2º teclado); e outra para o tema B, que ele tocou com Recit (3º teclado) com todos os registos.

A peça, embora com esta dissonante e registração muito forte, resulta agradável para um final.

notas do concerto Niterói_19jul02