João de Sousa Carvalho (1745-1799)
João de Sousa Carvalho nasceu na vila de Estremoz a 22 de Fevereiro de 1745 e entrou com 8 anos, a 23 de Outubro de 1743, para o Colégio dos Santos Reis Magos em Vila Viçosa. Mandado a Nápoles pela Coroa, ingressou com Jerónimo Francisco de Lima (1741-1822) no Conservatório di Sant'Onofrio a Capuana, a 15 de Janeiro de 1761. A sua primeira ópera, La Nitteti, sobre libreto de Pietro Metastasio, representou-se em Roma no Teatro Delle Dame no Carnaval de 1766. Também a oratória Isacco figura del Redentore, que data da mesma época, deve ter sido cantada em Itália. Regressou a Portugal presumivelmente em 1767, dado que assinou o Livro das Entradas da Irmandade de Santa Cecília a 22 de Novembro do mesmo ano. Foi nomeado professor de Contraponto pelo menos em 1769 e, mais tarde, talvez em 1773, Primeiro Mestre de Capela do Seminário da Patriarcal. L'Amore industrioso, dramma giocoso sobre libreto anónimo, a sua ópera mais conhecida modernamente, foi à cena no Teatro da Ajuda em 31 de Março de 1769, tendo 10 representações até 28 de Dezembro do mesmo ano. Seguiu-se-lhe L'Eumene, dramma serio sobre libreto de Apostolo Zeno, a 6 de Junho de 1773, com 7 representações até 14 de Novembro. Em 1778, João de Sousa Carvalho sucedeu a David Perez (1711-1778) como professor dos Infantes e compositor da Real Câmara, com vencimento mensal de 40$000 réis e direito a usar carruagem, passando a controlar todo o aparelho de produção músicoteatral da Corte. Desde esse ano até 1789, com excepção de 1786 e 1788, cantaram-se novas obras suas (com inúmeras repetições) nos Palácios da Ajuda e de Queluz e na Ribeira, sendo 10 serenatas - género afim de ópera, mas sem componente cénica - e duas óperas (Testoride argonauta, dramma in 2 atti, 1780, e Nettuno ed Egle, favola pastorale, 1785). As primeiras obras datadas de João de Sousa Carvalho são o salmo Dixit Dominus, em Dó maior e a Messa a quatro voci con violini ed strumenti da fiato, em Ré maior (P-Lf 49/19 e 49/5) ambas de 1764 e a última é a Missa, em Fá maior, para duas vozes e quatro órgãos, escrita para o Convento de Mafra e "acabada no primeiro de Setembro de 1975" (P-Mp R.Mms.2.1). Faleceu depois da Quaresma de 1799, última ocasião em que há registo de se ter confessado. Embora João de Sousa Carvalho se tenha distinguido como compositor dramático - facto que determinou para a musicografia, passada e actual, o quase completo esquecimento dos seus contemporâneos que escreveram sobretudo música litúrgica - a sua produção vocal sacra ascende a 18 obras de autoria indescutível (por subsistirem nos próprios autógrafos), a que se devem juntar 3 dezenas de obras de autoria provável, que subsistem em cópias setecentistas e nalgumas oitocentistas, muitas atribuídas apenas a "João de Sousa" ou, porque era hábito italianizarem-se os nomes, a "Giovanni di Souza". Nestes casos, a dificuldade em estabelecer a autoria advém sobretudo do facto de terem existido vários compositores contemporâneos cujos primeiros nomes eram João de Sousa, como:
João Pedro d'Alvarenga (notas do programa lra10_06out97) |
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