José Joaquim dos Santos (1747-1801)

José Joaquim dos Santos nasceu no sítio do Senhor da Pedra, no termo da Vila de Óbidos, a 14 de Setembro de 1747.

Entrou para o Seminário da Patriarcal com a idade de "6 para 7 anos", a 24 de Junho de 1754.

A 1 de Janeiro de 1763 foi nomeado substituto do Primeiro Mestre de Solfa, com vencimento anual de 40$000 réis e demais perrogativas dos seminaristas.

Passou depois a professor efectivo porque, no libreto das obras que compôs para se cantarem na Academia Real das Ciências no dia da Imaculada Conceição, em 1786 (Écloga pastoril) e 1787 (Cantata pastoril), vem designado "Mestre de Música do Real Seminário da Santa Igreja Patriarcal".

Num documento de 1788, aparece referido como cantor da voz de tenor ao serviço da Patriarcal, então sediada em S. Vicente de Fora.

Presume-se que tenha falecido em 1801, ano em que o tesoureiro da Irmandade de Santa Cecília averbou 6$000 réis gastos com cinquenta missas mandadas dizer por sua alma.

Das obras que se lhe conhecem datadas (cujo inventário está longe de ser concluído), a primeira é de 1764 e as últimas de 1799.

José Joaquim dos Santos foi autor da única obra sacra impressa em Lisboa na 2ª metade do séc. XVIII, o "Stabat Mater a tres Voces, Dois Supranos, Baxo, com duas Violetas e Violoncelo", estampado na Real Fábrica de Francisco Domingos Milcent em Março de 1792 (com reimpressão corrigida pelo compositor no ano imediato, como anuncia a Gazeta de Lisboa de 2 de Março de 1793).

No frontispício da obra, José Joaquim dos Santos é referido como "Mestre da Muzica do Real Seminario da Santa Igreja Patriarcal e Compozitor da mesma".

Como a publicitação não tem qualquer dedicatário (que normalmente assumiria os respectivos custos), nem foi objecto de subscrição pública, permanecem obscuras as razões por que imprimiu Milcent o Stabat Mater, à sua custa, ou à custa do compositor, sendo o mercado português ao tempo ( e ainda hoje ) tão diminuto.

É possível que o empreeendimento, motivo por razões de prestígio, esteja ligado ao sucesso que em Lisboa fizeram os Stabat Mater de Pergolesi e de Haydn, havendo notíca da execução do primeiro a 21 de Fevereiro de 1787, em casa de um comerciante cristão-novo de apelido Pessoa, e do segundo em 1782 no Palácio da Ajuda e a 11 de Abril de 1786, na Assembleia das Nações Estrangeiras.

João Pedro d'Alvarenga

(notas do programa lra10_06out97)

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