Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)
Depois de visitar a Holanda e a Suíça, a família Mozart regressa a Salzburgo em 1766. Entre o fim de 1769 e 1778, Mozart viaja novamente, desta vez deslocando-se três vezes a Itália. Em 1770, em Milão, seguindo os conselhos de Sammartini, faz representar a sua primeira ópera séria, Mitridate, Re di Ponto, e estuda Contraponto em Bolonha com o padre Martini. Depois de curtas estadias em Salzburgo, regressa a Itália em 1771 e 1772, país onde são representadas as suas óperas Ascanio in Alba e Lucio Silla. De regresso a Salzburgo em 1773, é nomeado "Konzertmeister" da corte, apesar das incompatibilidades existentes entre ele e o Príncipe. Em 1777 inicia uma viagem com a sua mãe a Munique, Augsburg, Mannheim e por fim Paris, onde esta vem a falecer. Não conseguindo obter um lugar na corte parisiense, regressa a Salzburgo, sendo nomeado para o lugar de organista da corte e da catedral, posto do qual se demite após uma alercação com o Príncipe. Instale-se então em Viena, onde casa com Constanze Weber, poucos dias depois da estreia de O Rapto do Serralho. Os últimos nove anos da sua vida serão trágicos devido aos seus problemas materiais e morais. Cada vez mais isolado no plano artístico, sente a sua saúde e situação financeira deteriorarem-se. O triunfo de A Flauta Mágica em 1791, após o de Così fan tutte, chega demasiado tarde. Mozart morre exausto em 1791, aos 35 anos de idade, deixando o seu Requiem por terminar. Dulce Brito (notas do XXXV Festival de Música de Sintra, 2000) A sua invulgar capacidade de criação e memorização musicais, permitiu neste curto tempo de vida a composição de mais de 600 obras, algumas de grandes dimensões, como Óperas, Sinfonias, Concertos, Quartetos de Corda, etc... O percurso de Mozart relativamente à música religiosa não foi linear ao longo de toda a sua vida, à semelhança do que sucedeu com Joseph Haydn. Qualquer destes dois compositores passou por fases de intensa actividade neste domínio e por períodos de relativo afastamento, quer por compromissos pessoais ou institucionais, quer por circunstâncias da própria actividade criadora, sujeita a incentivos e implusos num ou noutro sentido. Enquanto, porém, as obras-primas de Haydn neste sector podem localizar-se nos últimos anos de labor, nomeadamente as seis grandes Missas e os dois Oratórios As Estações e a Criação, em Mozart, à excepção de duas ou três obras do final da vida, como o Requiem, a produção religiosa concentra-se mais nos primeiros anos, a partir da Missa Solene encomendada aos 12 anos para a consagração da Igreja Waisenhaus de Viena. O estilo criado pelo compositor acentua a feição sinfónica da época, e marca o contraste entre a tradição contrapontística dos compositores da sua cidade-natal, como Eberlin e Aldgasser, e o estilo operático da moderna Escola Napolitana. A obra musical de Mozart, assim com a de Haydn, foi frequentemente mal interpretada e portanto mal aceite pelos sectores eclesiásticos e da crítica musical mais conservadora durante o século XIX, por dois motivos principais:
Esta segunda crítica não tem qualquer fundamento histórico factual, uma vez que apenas duas obras foram encomendadas:
Entre estas duas obras existem:
cuja existência só poderá ser explicada em função de um desejo e inspiração religiosa muito profundos, de uma profissão católica espiritualmente enraízada e sincera, e nunca de considerações meramente contratuais ou financeiras. Em relação à primeira crítica formulada, ou seja, a utilização abusiva de motivos litúrgicos em obras profanas, para além de esquecer que se trata de uma prática corrente na época, há que entender o facto mais profundo de ser discutível e problemática a existência de uma música instrumental puramente religiosa como entidade diversa ou oposta à música profana. O que distingue uma da outra é o conjunto de elementos associados à intenção do autor a à execução da obra:
Nenhum destes aspectos opõe ou inviabiliza a interligação dos elementos estritamente musicais, quer melódicos, quer temáticos, quer de quaisquer outras variantes construtivas. Assim, não faz sentido hoje questionar se a música de Mozart é realmente católica e apropriada para a Igreja. É um problema do passado posto em causa, como foi dito, por sectores radicais para os quais no limite apenas poderia ser aceite a polifonia "a capella" do séc. XVI, com exclusão de quase toda a produção religiosa dos séc. XVII e XVIII. (notas da 1ª SÉRIE DE CONCERTOS, 1989 - ORQ. DO PORTO) |
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