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PROGRAMA
COSTA NOVA DO PRADO
IGREJA MATRIZ - 26JUN2004 - 18:45
ORGANISTA:
João Paulo Segurado
Louis-Nicolas Clérambault (1676-1749)
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Suite du premier ton
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Grand Plein Jeu (fort lentement)
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Fugue (lentement)
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Duo (gayement et gratieusement)
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Dialogue sur les grands jeux (fort grave -
gay)
Dietrich Buxtehude (1637-1707)
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Prelúdio em fá # menor BuxWV 146
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
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Prelúdio e fuga em dó maior BWV 547
Petr Eben (n. 1929),
Momenti d´Organo
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I - Agitato
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II - Afflitto
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III - Agile
Max Reger (1873-1916),
Tokkata op.59
notas sobre o programa:
O programa de hoje contém uma
interessante rede de influências e ligações entre compositores, épocas
e linguagens, desde a escola francesa à alemã, desde o barroco ao
contemporâneo, desde Buxtehude e Clerambault até Petr Eben, passando
por Bach e Max Reger.
E o centro desta unidade na
diversidade acaba por ser J. S. Bach,o admirador dos compositores da
escola francesa, cujas obras conhecera, ainda jovem, na corte de
Celle; algumas delas seriam, mais tarde, copiadas pela sua própria
mão. Bach foi, igualmente, o admirador de Buxtehude, junto de quem
permaneceu cerca de 3 meses em 1705, pondo em risco o seu primeiro
posto de organista em Arnstadt.
Ele foi ainda o inspirador de Max
Reger, para quem toda a música começava e acabava no génio deste
compositor. Por sua vez, Peter Eben reflecte na sua obra toda esta
herança organística. Bastaria citar a sua admiração pela escola
francesa, como sendo a primeira a preocupar-se com a imensa riqueza da
paleta sonora do instrumento; bastará referir, igualmente, o seu
tributo ao mestre de Lübeck com Hommage à Buxtehude.
Os trechos que vamos ouvir, de
Clerambault, são extraídos de uma sequência de 7 pequenas peças ou
versos (Suite), concebidas para a alternância ou diálogo com o coro no
canto da Missa ou do Ofício. A composição destas peças e as indicações
de registos a utilizar em cada uma delas são um espelho fiel da
diversidade tímbrica dos instrumentos franceses da época, desde a
simplicidade de um duo à complexidade contrapontística e ornamental da
fuga, à grandeza do Plein Jeu e à majestade dos jogos de palheta
(Grand Jeu).
De Buxtehude, ouviremos o Prelúdio e
fuga em fá# menor, um exemplar característico, não só do Styllus
phantasticus, mas também da transposição para a linguagem musical, da
retórica do discurso com os seus vários momentos: exordium narratio
propositio confutatio -
confirmatio peroratio.
A obra de Bach inscrita no programa é
da última fase do compositor, já inteiramente liberto das influências
do prelúdio seccionado da escola organística do norte. A jovialidade
exuberante do prelúdio contrasta com a austeridade temática e requinte
contrapontístico da fuga.
O compositor checo Petr Eben de quem
se festejam os 75 anos está entre os maiores e mais produtivos da
actualidade, com um importantíssimo repertório para Órgão. Ele próprio
afirma que esse instrumento é o mais apropriado para exprimir ideias
espirituais. Vamos ouvir 3 números de Momenti d'Organo, um conjunto de
10 pequenas peças compostas em 1994 para o Simpósio Internacional da
Gesellschaft der Orgelfreunde (Associação de Amigos do Órgão) de
Bremen.
Max Reger é o maior compositor alemão
de música para Órgão, na transição do séc. XIX para o XX. Ele
personifica a projecção através dos séculos, da sombra do Kantor de
Leipzig, o seu principal inspirador e modelo, tanto nas formas, como
na sensibilidade. Ouviremos o n.º 5 das Dose Peças op.59, escritas em
1901: a Tocata em ré menor, uma das mais conhecidas páginas do
compositor, graças ao seu equilíbrio formal e ao brilho virtuosístico,
respingando, aqui e além, alguma influência pianística de Lizst.
Domingos Peixoto
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