Humberto Eduardo
António Fontes d' Ávila e Pereira, é natural
do Montijo e nascido em 8 de Março de 1922. A par dos estudos gerais, fez a sua educação musical com professores particulares. Completou todas as disciplinas teórias de música no Conservatório Nacional de Lisboa, onde seguiu o curso livre de encenação teatral com o professor alemão Erwin Meyenburg. Estudou ainda desenho com os mestres Albertino Guimarães e Couto Tavares e cursou o antigo Centro de Estudos Gregorianos, tendo trabalhado com a professora Júlia d'Almendra (gregoriano, órgão e direcção coral) e o musicólogo José Augusto Alegria (paleografia musical). Muito interessado em tudo que respeite à temática artística, obedeceu cedo à sua vocação literária, começando a escrever em jornais e revistas. Colaborou em:
Foi redactor da "Serra Nova", onde exerceu a crítica musical que depois continuou em "O Século" e no "Diário de Notícias", jornal em que manteve durante alguns anos a coluna "Ponto contra Ponto". Para lá das muitas centenas de artigos que subscreveu nestas e noutras publicações, foi também delegado em Portugal de "La Revue Internationale de Musique", de Paris, de que era director Jacques Chailley do Instituto de Musicologia de Sorbonne, e assinou muitos programas radiofónicos e televisivos no Radio Clube Português, na Emissora Nacional e na RTP. Traduziu, com Adriano de Gusmão, Greco, de Antonina Valentin, que enriqueceu com um apêndice, e Arte e Técnica, de Pierre Francastel. Em 1991, a edição portuguesa de Histoire des Castrats, de Patrick Barbier teve tradução, abundantemente anotada, de sua autoria. Sua é ainda a versão portuguesa de Epitome de Rhythmique Gregoriènne, de Auguste Le Guénnant, director do Instituto Gregoriano de Paris. Em 1948 fundou a Juventude Musical Portuguesa, com a colaboração de figuras como Joly Braga Santos, João de Freitas Branco, Filipe de Sousa, Nuno Barreiros e Maria Elvira Barroso. Foi um dos pioneiros do teatro experimental entre nós, como dirigente de "Os Companheiros do Pátio das Comédias" e um dos encenadores do Teatro Cossoul, que Jorge de Faria nos anos de 50 denominou de " Consevatório de Esperança", e fundou em 1956 e dirigiu o Grupo de Teatro Popular, que teve papel de relevo no movimento do teatro experimental de então, devendo-se-lhe a estreia de peças de Robert Merle, pela primeira vez em Portugal, de Romeu Correia e de Luís-Francisco Rebelo. Esteve também à frente das secções de teatro do Círculo Cultural Scalabitano, de Santarém, e do Sport Lisboa e Benfica. Participante activo do associativismo cultural e dirigente de várias colectividades, pertenceu de 1966 a 1974 aos corpos gerentes da Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio, de cuja direcção chegou a ser Vice-Presidente, e onde desenvolveu profícua actividade na defesa e valorização das filarmónicas e bandas civis, tendo organizado os primeiros concursos de aprendizes de música e Campos Musicais de Férias (1972 e 1973). Como inspector dos serviços de património da Secretaria de Estado da Cultura, organizou o Departamento de Musicologia do Instituto Português do Património Cultural, sendo nomeado director de serviços do mesmo em 1985 (Diário da República, II Série, nº 170, de 26/07/85). Nessas funções exerceu desde 1977 uma vasta acção de recuperação dum sector patrimonial que estava praticamente ao abandono e por completo desarticulado em relação a outros quadrantes da nossa herança cultural. Foi assim, sob a sua responsabilidade, que:
Dentro da mesma linha de revalorização dos monumentos fundamentais da nossa herança musical, foi igualmente sob a sua iniciativa que se promoveu o restauro dao carrilhão de Mafra (torre sul) e se encetou a campanha em curso de restauro dos órgãos históricos de igrejas, conventos e palácios nacionais. É autor dum projecto, aprovado por vários governos mas até agora sem concretização prática, de criação de um organismo oficial que, além de servir de museu e arquivo públicos para as valiosas colecções já reunidas, funcionaria como um importante centro de investigação musicológica e de atracção e difusão culturais. Entre outras actividades, pode-se apontar, ademais, asua intervenção na organização das comemorações oficiais do Dia Mundial da Música, cuja institucionalização se deve a proposta sua , no I Festival Internacional de Música de Lisboa e na comissão nacional do Ano Europeu da Música (1985), tendo sido um dos comissários da celebração em Portugal do tricentenários do Domenico Scarlatti. A seu cargo realizou-se em 1984 a 1985 a Festa da Mùsica, correspondendo a uma ideia do governo francês. Foi membro da Comissão de Honra da I Feira das Indústrias Culturais (FIL, 1988), e dos Concursos Musicais da Juventude Musical Portuguesa (1988 e 1989). Eleito, há largos anos, para o cargo de presidente das assembleias gerais de instituições tão prestigiadas como a Juventude Musical Portuguesa, a Associação Portuguesa de Educação Musical e o Conselho Português da Música (Unesco). Fez parte do júri de vários concursos de bandas civis e doutros certames musicais como:
Publicou :
Em consequência das pesquisas a que tem procedido em arquivos espanhóis e portugueses, prepara neste momento a edição dum volumoso estudo sobre João Pedro de Almeida, Compositor Português em Espanha, onde faz o levantamento da biografia até agora desconhecida deste artista, que reivindicou para a cultura nacional. Teve a seu cargo a secção musical :
É colaborador do Dicionário Biográfico de Músicos Portugueses, da Fundação Gulbenkian. Dirigiu a edição portuguesa:
nas quais introduziu numerosos textos relativos à música em Portugal. Aposentado em 1988 do serviço oficial, foi nomeado por despacho da Secretaria de Estado da Cultura para a Comissão de Defesa e Recuperação dos Órgãos Portugueses, cuja criação se lhe deve. Recebeu vários louvores:
Duma maneira ou doutra , todos os empreendimentos promovidos por H. d'Ávila se encontram, pode dizer-se, em plena vigência, constituindo, indiscutivelmente, uma contribuição válida e duradoura para a cultura portuguesa. É membro honorário da Associação Portuguesa Amigos do Órgão (APAO) desde 21nov93, em cerimónia na Sé Catedral de Braga, durante o II Congresso APAO. (notas do programa ) |
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