O 
            Seminário da Imaculada Conceição da Figueira da Foz iniciou as 
            suas actividades, pela primeira vez, no dia l de Outubro de 1936. O 
            Decreto que criou o Seminário, instalado nos edifícios do antigo 
            Colégio Figueirense, tem a data de 20 de Fevereiro do mesmo ano. 
   No documento em que o faz público dizia o senhor 
            D. António 
            Antunes: «O nosso venerando Antecessor, quando já lhe faltavam as 
            forças a ponto de nem sequer poder recitar o Breviário, quando só 
            com grande dificuldade podia trocar algumas palavras com as pessoas 
            que o rodeavam, resolveu num supremo esforço lançar mesmo a lápis, o 
            seu último Decreto, a que poderemos chamar o seu testamento 
            espiritual...» (Boletim da Diocese de Coimbra, Abril de 1936). 
            D. 
            Manuel Luís Coelho da Silva tinha ficado vivamente impressionado com 
            o Relatório que, sobre a Diocese e o Seminário e as suas 
            necessidades, lhe tinha sido apresentado, com dados estatísticos 
            alarmantes, pelo Cónego Tomás Fernandes Pinto, nessa altura 
            Vice-Reitor do Seminário de Coimbra. A leitura desse relatório, em 
            que se preconizava a criação de um Seminário Menor para ocorrer à 
            falta de clero que parecia agravar-se, levou a ilustre Prelado a 
            escrever um veemente apelo aos seus diocesanos com o título 
            «Corações ao alto!» com a data de 18 de Fevereiro de 1936. Dois dias 
            depois redigia o Decreto da erecção do novo Seminário da Figueira da 
            Foz, que é do seguinte teor: 
   «Atendendo a que é absolutamente preciso aumentar muito mais ainda 
            o número dos alunos do Seminário para poder ocorrer às necessidades 
            das paróquias desprovidas de pároco, que são cada vez em maior 
            número como se mostra à evidência no Relatório há pouco publicado; 
   Atendendo a que este Seminário de Coimbra tem actualmente 212 
            alunos (e não comporta mais), e alguns deles mal alojados, 
            especialmente os das duas camaratas, não obstante as obras que se 
            fizeram; 
   Atendendo a que a Santa Sé, depois da visita canónica que foi feita 
            a este Seminário (assim como a todos os outros), reprovou aquelas 
            camaratas em Outubro do ano passado (1935); 
   Tendo invocado o auxílio divino, resolvemos criar um novo 
            Seminário, ao menos para as primeiras classes de preparatórios, 
            embora isto somente possa fazer-se com grande sacrifício. 
   E assim dispomos o seguinte: 
   ART. 1.° — No edifício do antigo Colégio Figueirense (Freguesia de 
            Tavarede) é criado um Seminário de Preparatórios (ao menos para as 
            primeiras classes). O Colégio termina no fim deste ano lectivo e o 
            Seminário começará já a funcionar no próximo mês de Outubro. 
   ART. 2.° — Este Seminário é dedicado à Imaculada Conceição de Nossa 
            Senhora, que fica sendo a sua Padroeira; e assim desejamos inspirar 
            aos novos seminaristas um amor cada vez mais terno e dedicado à 
            nossa Mãe do Céu. 
   Ficará sendo chamado 
            SEMINÁRIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA FIGUEIRA 
            DA FOZ. 
   ART. 3.° — O novo Seminário será regido pêlos Estatutos do antigo, 
            na parte que lhe for aplicável. 
   ART. 4.° — Cada Seminário terá o seu orçamento próprio. Mas haverá 
            um só cofre para os dois, e daí o Prelado mandará sair o que for 
            preciso para cada um. 
   ART. 5.° — Para esse cofre ofereço desde já cinquenta contos dos 
            meus bens próprios. E peço aos Revs. Sacerdotes e a todas as pessoas 
            de boa vontade, especialmente da Acção e Apostolado Católico, que 
            não se esqueçam destas duas casas de formação do Clero e procurem 
            intensificar cada vez mais a Obra das Vocações do Seminário, aqui 
            estabelecida em Dezembro de 1920». 
            Este decreto foi completado por outro, com a data de 12 de Abril de 
            1936, assinado pelo Senhor D. António Antunes, pois no dia l de 
            Março falecia o senhor D. Manuel. 
   «Cumpre-nos completar o decreto ,fazendo as nomeações necessárias 
            para o funcionamento do novo Seminário; e por isso dispomos o 
            seguinte: 
   1.°— No próximo ano lectivo funcionará somente a 1ª classe de 
            preparatórios no Seminário Menor. 
   2.° — Nomeamos para o cargo de Vice-Reitor o 
            Rev. Padre Tomás 
            Francisco Póvoa e para os cargos de Prefeitos os Revs. Padre Manuel 
            Póvoa dos Reis e o Diácono Adriano Antunes. 
   Esperamos do seu zelo e dedicação à Igreja que empreguem os seus 
            melhores esforços na formação moral e intelectual dos seminaristas 
            que lhes vão ser confiados».   
            Começou assim o Seminário da Figueira da Foz. Nos primeiros anos é 
            frequentado apenas pêlos alunos do 1.° e 2.° anos de preparatórios. 
            Entretanto a conveniência de estabelecer uma separação mais nítida 
            entre Seminário Menor e Seminário Maior, imposta por exigência do 
            regulamento de cada um deles, conduz à fixação no Seminário da 
            Figueira dos cinco primeiros anos do curso de preparatórios. O ano 
            lectivo de 1951-1952 tem pela primeira vez alunos do 5.° ano. 
   De ano para ano a média de admissões manifesta tendência para subir 
            e, dado que, o Seminário não comporta tantos alunos duas resoluções 
            são tomadas: 
   1.a— O 5.° ano de preparatórios, ainda na década de cinquenta 
            (1954-1955) deixa de ser leccionado no Seminário da Figueira da Foz, 
            passando a ser leccionado no Seminário de Coimbra. 
   2.a — É criado pelo senhor 
            D. Ernesto Sena de Oliveira o 
            Pré-Seminário de Buarcos em 1958. 
   É utilizado para isso o edifício do chamado Paço do Bispo situado na 
            vila de Buarcos, até à data destinado a colónias de férias dos 
            seminaristas. O edifício foi remodelado e aumentado com um corpo 
            anexo e o levantamento de dois andares na parte mais baixa que dá 
            para poente. Apesar das obras ainda não estarem totalmente 
            concluídas, já no ano lectivo de 1957-1958, 35 alunos do 1.° ano ali 
            ficaram instalados. 
   A erecção canónica foi feita pelo Exm.° Prelado em documento 
            publicado no Boletim da Diocese de 1958 e é do seguinte teor: 
            «Considerando que foi felizmente mais avultado do que era de 
            esperar, o número de candidatos que este ano se apresentaram a pedir 
            a sua admissão no Seminário Menor da Figueira da Foz; 
   Considerando que não era possível recebê-los todos naquele 
            Seminário por falta de espaço suficiente; 
   Considerando, por outra parte, que seria doloroso rejeitar cerca de 
            um terço de tais candidatos que, por sinal, davam quase todos 
            fundadas esperanças de bom aproveitamento; 
   Considerando que para atender às primeiras indispensáveis 
            necessidades de um Pré-Seminário na sua fase inicial, seria possível 
            e rápida a adaptação sumária de uma casa há anos adquirida em 
            Buarcos pela Diocese de Coimbra, e isso sem prejuízo do fim a que 
            tal casa originariamente se destinava, que era o de servir para 
            colónia de férias dos seus seminaristas; 
   Considerando que só há vantagens em ter casa à parte com um regime 
            especial para os alunos que tomam pela primeira vez o caminho do 
            Seminário-casa que facilite a transição das crianças do seio da 
            família para o regime de internato; 
   Considerando ainda que, segundo conhecidas regras de pedagogia 
            moderna, só há vantagens em que se não acumulem excessivamente na 
            mesma casa os que aí devam viver em regime de internato, para que a 
            educação de cada aluno possa ser mais facilmente seguida pêlos 
            respectivos superiores; 
   Considerando que para a plena consecução daquele objectivo é 
            necessário adaptar definitivamente a referida Casa de Buarcos a 
            Pré-Seminário, por maneira a poder comportar em condições condignas 
            entre 70 a 80 alunos, o que obriga a não pequenas adaptações que a 
            tornem capaz de corresponder ao alto fim a que se destina, 
   HAVEMOS POR BEM, usando do Nosso Poder Ordinário, ao abrigo do 
            Direito: 
   1.° — Erigir canonicamente em Pessoa Moral Eclesiástica, na Vila de 
            Buarcos, um Pré-Seminário destinado a alguns alunos do primeiro ano 
            de preparatórios, o qual ficará sob o Patrocínio de Nossa Senhora da 
            Encarnação, em memória do Venerando Santuário da mesma invocação, 
            que ali existe, a bem pequena distância e que é tanto da devoção do 
            povo das cercanias. 
   Ficar-se-á, por isso, chamando «SEMINÁRIO DE NOSSA SENHORA DA 
            ENCARNAÇÃO» de Buarcos; 
   2.° — NOMEAR Reitor e Vice-Reitor do Pré-Seminário de Nossa Senhora 
            da Encarnação, de Buarcos, respectivamente Mons. Cónego Tomás 
            Francisco Póvoa e Padre José de Oliveira Moço; 
   3.º — MANDAR que se proceda ao indispensável trabalho de adaptação 
            e ampliação da referida Casa à medida que a Providência de Deus for 
            deparando os meios para obra tão necessária. 
   Que Deus abençoe largamente o nascente Pré-Seminário que não podia 
            ter melhor Patrocínio do que d'Aquela em cujo Seio Virginal e 
            puríssimo tomou carne o Filho de Deus feito Homem, que quis 
            perpetuar na terra a Sua acção salvadora por meio de homens chamados 
            a ser investidos, pelo Sacramento da Ordem, no Seu Divino 
            Sacerdócio». 
   A parte disciplinar e doméstica foi confiada às Religiosas do 
            Instituto Diocesano «Ancillae Domini» — modalidade experimentada em 
            Portugal pela primeira vez e com a aprovação e aplauso da Sagrada 
            Congregação dos Seminários. 
   As esperanças alimentadas por este afluxo de admissões não deram, 
            como podemos ver mais adiante, os resultados que se esperavam. As 
            causas deste afluxo de alunos são difíceis de descobrir. No entanto, 
            talvez não seja estranho a este facto, uma certa explosão 
            demográfica, a falta de democratização do ensino e o difícil acesso 
            aos estudos por parte das gentes do meio rural. 
   Ainda antes da década de setenta começa a verificar-se o decréscimo 
            de admissões ao Seminário. No ano lectivo de 1964--1965 o 5.° ano de 
            preparatórios volta a ser leccionado no Seminário da Figueira da 
            Foz. O Pré-Seminário de Buarcos encerra após o ano lectivo de 
            1969-1970. O Seminário da Figueira, pequeno até então para tão 
            grande número de alunos, começa a ver desocupadas algumas das suas 
            salas. Os seminaristas que até então se distribuíam pelas 
            prefeituras de Cristo-Rei, Nossa Senhora de Fátima, S. João de 
            Brito, S. José e S. Luís de Gonzaga, passam a ocupar apenas duas ou 
            três dessas prefeituras. De cerca de duzentos passam a ser sessenta 
            os alunos do Seminário. 
   Este fenómeno coincide, em grande parte, com o alargamento do 
            ensino preparatório e liceal aos meios rurais. 
            Para que os alunos, embora tendo entrado com o pensamento no 
            sacerdócio, à medida que crescem no conhecimento de si próprios e 
            das exigências da vida sacerdotal, tenham plena liberdade de decisão 
            e de escolha, aconselha-se a que os estudos tenham equivalência aos 
            do ensino oficial. 
   Dentro desta linha, os programas do Seminário da Figueira, foram 
            evoluindo, começando por se adoptar o mesmo programa liceal, 
            acrescido das disciplinas de Religião, Latim e Música. Em 1968 
            vai-se mais além, são os alunos do 1.° ano matriculados na 
            Telescola, enquanto os do 2.° ano são leccionados no Seminário e 
            propostos a exame no ensino oficial. 
   Em 1969-1970 são já os alunos do 1.° ano do ciclo preparatório que 
            vão às aulas à Escola Preparatória Dr. João de Barros da Figueira da 
            Foz e parte do 3.° ano frequente as aulas do Liceu Nacional da mesma 
            cidade. Finalmente, no ano lectivo de 1972--1973 já todos os alunos 
            frequentam as aulas nos estabelecimentos oficiais. 
   Naturalmente que esta alteração profunda no regime do Seminário em 
            relativamente poucos anos, não deixou de levantar problemas. Os 
            alunos saem todos os dias para as aulas, alguns dias mais do que uma 
            vez. Deixou de ser possível aquela vida harmoniosa, marcada por um 
            horário mais ou menos rígido doutros tempos. Os alunos entram em 
            contacto com outros companheiros, muitos deles sem preocupações de 
            ordem religiosa e com aspirações muito diferentes das suas. 
   Foi um risco que o Seminário correu ao enviar os seus alunos aos 
            estabelecimentos oficiais. Pensamos, no entanto, que valeu a pena 
            correr esse risco. Além dos aspectos negativos que sobressaem, logo 
            à primeira vista, como o ambiente degradado pela droga e pelo sexo, 
            nada favorável ao amadurecimento de uma vocação de consagração, como 
            a qualidade de ensino... há aspectos positivos que poderão ajudar os 
            nossos seminaristas no seu crescimento como: mais responsabilidade, 
            os professores e alunos sabem que eles são seminaristas, 
            conhecimento do mundo e dos homens mais real, uma maior abertura.... 
   Com a finalidade de tornar o Seminário de Coimbra, apenas Seminário 
            Pastoral, onde se supõe que a vocação já está, em princípio, 
            suficientemente clara e decidida, optou-se no ano lectivo de 
            1976-1977 por os seminaristas do curso complementar ficarem no 
            Seminário da Figueira. Depois de alguns anos de experiência, 
            concluiu-se que, para os alunos do curso complementar, não era a 
            melhor solução continuarem neste Seminário. Quer no aspecto de 
            alojamento, não temos quartos, quer no aspecto formativo, contacto 
            permanente com os mais novos. O Seminário da Figueira não 
            correspondia às exigências de um grupo de alunos do curso 
            complementar. 
   Assim, em virtude do intercâmbio que se estabelece com a Diocese de 
            Aveiro, no ano lectivo de 1980-1981, os nossos alunos do curso 
            complementar começam a frequentar as aulas no Seminário de Aveiro, 
            juntamente com os seminaristas desta Diocese. As aulas são internas 
            possibilitando um estudo mais consciencioso nas disciplinas de Latim 
            e de Grego e uma análise mais correcta nas de História e de 
            Filosofia. Pensamos que a experiência tem sido válida e o 
            intercâmbio que existe entre os seminários das duas dioceses 
            enriquecedor. 
            Dado que, muitos alunos que vinham para o 1.° ano ainda não tinham 
            os dez anos, achou-se que era mais vantajoso para eles continuarem 
            no seio da família e aí fazerem o ciclo preparatório. Por isso, 
            optou-se em 1984 por admitir alunos com o 2.° ano do ciclo 
            preparatório terminado, pelo menos. Desde o ano lectivo de 1985-1986 
            o Seminário só tem alunos do 7.°, 8.° e 9.° anos. 
   No Seminário os alunos são acompanhados nos seus estudos, têm aulas 
            de formação religiosa e de música, além da formação humana e cristã 
            que recebem.  
			
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