Ançã é uma vila do Concelho de Cantanhede, vizinha da
cidade de Coimbra, e agora bem perto, graças à nova auto estrada que se
dirige à Figueira da Foz. Há muito que a exigência litúrgica
fazia antever a necessidade de um órgão de tubos. É ali que vive a
família Miranda, que forma o grupo coral
Ançãble,
que vemos progredir, graças à exigência que colocam no seu repertório
vocal, e graças à qualidade dos seus membros, curiosamente todos da
mesma família.
E uma vez que a consciência do valor da música na liturgia é aqui
tida em conta, tornou-se mais fácil a sensibilização para a necessidade
da obtenção dum órgão de tubos.
Sabemos que não é fácil, para uma pequena freguesia, adquirir um
instrumento a "sério". Além disso, a concorrência com os instrumentos
electrónicos é deveras preocupante. É preciso mesmo ter plena
consciência e conhecimento das diferenças abismais entre um órgão de
tubos e um órgão electrónico, que não iremos aqui descrever.
Ançã está hoje de parabéns.
A obtenção do órgão de tubos foi levada a cabo com as dificuldades de
quem tem que gerir e distribuir as verbas paroquiais da melhor forma.
No entanto, e porque se tratava duma oportunidade de adquirir por bom
preço este instrumento, a freguesia decidiu-se.
Depois de transportado da Alemanha, foi montado e afinado, no Coro
alto.
O dia 13 de Dezembro foi o dia marcado para a inauguração.
As explicações sobre o órgão a todas as crianças da catequese e
outras pessoas interessadas coube ao organista Padre
Jorge Alves Barbosa.
O Senhor Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto esteve presente à
cerimónia de inauguração, celebrando a missa as 20:30, na qual se deu a
benção do órgão. O Organista
Paulo Bernardino e
Isaías Hipólito acompanharam os cantos litúrgicos.
Seguiu-se o concerto extremamente variado, para que se pudesse dar a
conhecer as possibilidades do órgão.
O valor artístico dos músicos presentes -
Giampaolo di Rosa, organista e
Caroline di
Rosa, flautista, aos quais se associaram os músicos da terra,
trompetistas Cláudio Baptista e Patrícia João e cantores
Margarida
e
Carlota
Miranda fizeram desta inauguração um ponto importante para a cultura
da vila de Ançã.
Está de parabéns a paróquia de Ançã, na pessoa do seu pároco, padre
Manuel de Jesus, e do
Conselho Económico Paroquial e Coro da Igreja, que organizaram.
O pároco procurou pedir a ajuda de todos para que rapidamente se
possa pagar o instrumento , agradecendo àqueles que já manifestaram o
seu apoio, nomeadamente, a Câmara Municipal de Cantanhede, Junta de
Frequesia de Ançã e Inatel (deleg. reg. de Coimbra), entre muitos
outros.
A APAO regozija-se por mais esta obra que irá aumentar a cultura e a
consciencialização para o valor do órgão de tubos na liturgia, esperando
que sirva de exemplo para outras freguesias, que, muitas vezes,
desperdiçam dinheiro em instrumentos electrónicos, quase sempre
comprados por pessoas que não conhecem o que é o órgão, nem são
organistas.
Devemos reflectir aqui um pouco sobre este problema. Será que algum
pianista a sério comprará para os seus concertos um piano electrónico,
ou um guitarrista uma guitarra eléctrica ou um clarinetista um clarinete
eléctrico?
Então, caros amigos? Porquê não apostar seriamente na verdadeira
cultura, deixando o mundo da fantasia electrónica, que, além de custar
quantias relativamente grandes, em pouco tempo sofre uma enorme
desvalorização, e provoca, mais tarde ou mais cedo um vazio interior,
que só o não reconhece quem... está mesmo vazio?
Aproveito a oportunidade para desejar a todos Boas Festas de Natal e
Ano Novo.
António Simões, 15Dez2003
|