ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA AMIGOS DO ÓRGÃO

“TUDO O QUE VOCÊ QUERIA SABER SOBRE O ÓRGÃO,

                                                                                                    E TEVE MEDO DE PERGUNTAR…”

António Mota Novembro de 2000  - 6/21

Ou

“34 Perguntas Embaraçosas sobre Órgãos de Tubos”


Da Definição de Timbre e dos Harmónicos

P7: Ar-mónio, Mestre? Não quererá antes dizer amoníaco?


R7: HARMÓNICOS! Bom, voltando ainda mais a traz: os atributos fundamentais de um som são a sua altura, a sua intensidade e o seu timbre. A altura traduz se o som é mais agudo ou grave, enquanto que a intensidade refere-se à dinâmica, se é “forte” ou “piano”. Já a questão do timbre é mais difícil de definir, mas podemos associar a propriedade de timbre de um dado instrumento à sua “cor” sonora. Tecnicamente, todos os instrumentos acústicos do tipo harmónico (esta regra não vale para instrumentos de percussão como o tímbale, por exemplo) produzem (aquando da vibração do seu corpo no caso duma flauta ou da vibração da corda no caso do violino) uma nota fundamental – a de longe mais perceptível ao ouvido – e uma infinidade (literalmente!) de sons ditos harmónicos, cujas frequências ou batimentos são múltiplos da tal frequência fundamental.

Isto é, se a fundamental – também designado de primeiro harmónico - tiver uma frequência de f, então o segundo harmónico tem uma frequência de 2*f, o terceiro de 3*f, o quarto de 4*f, e por aí fora. Ora é precisamente a intensidade relativa dos vários harmónicos que caracteriza o timbre de um dado instrumento. Passando do domínio da frequência para o domínio da escrita musical, temos que a série dos harmónicos se relaciona com uma fundamental (dó da 2ª linha suplementar inferior em clave de fá, no exemplo apresentado) através das seguintes relações intervalares:

Na verdade, as relações não são exactas: não existe uma relação perfeita entre harmónicos e notas do sistema de temperamento igual – à excepção das oitavas. Em particular, os harmónicos 7 e 11 distam significativamente das notas Sib e Fá# (ficam algures entre o Lá e o Sib no primeiro caso e entre o Fá e Fá# no segundo).


Diz-se então que um instrumento tem um timbre mais “rico” ou “brilhante” que outro se os harmónicos produzidos forem mais intensos. No caso do Órgão, cada tipo de tubos labial e de palheta subdivide-se por sua vez por várias famílias, que, de acordo com as características físicas do tubo, apresenta diferenças significativas no timbre, intensidade de som, características de ataque, etc.. De qualquer modo, como já foi dito, os tubos de palheta resultam sempre mais brilhantes que os tubos labiais.

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