PROGRAMA
I
COMPOSITORES PORTUGUESES DOS SÉC. XVII-XVIII
Batalha de VI Tom - PEDRO DE ARAÚJO (1610-1684)
Tenção - GASPAR DOS REIS (S. XVII)
Sonata em Fá maior - FREI MANUEL DE SANTO ELIAS (S. XVIII)
Allegro
- Adagio - Allegro
Meio
registo do II tom acidental - DIEGO DA CONCEIÇÃO (S. XVII)
Sonata em Dó maior -
Carlos Seixas
(1704-1742)
Allegro
- Adagio - Minueto
Fuga
em Sol - JOSÉ DA MADRE DE DEUS (S. XVIII)
II
250
ANOS DA MORTE DE JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750)
Pastoral em Fá maior
Pastoral
- Lento - Recitativo cantabile - Final
Aria
"Vem Doce Morte" (transcr. para órgão)
Partitas sobre o Coral "Gott, Du Frommer Gott"
Coral e
oito variações
ANOTAÇÕES AO
PROGRAMA:
O órgão é um
instrumento que se caracteriza pelos seus mistérios sonoros imersos
numa dimensão de grandiosidade considerável. Nas suas diferentes
facetas, é um instrumento que vai reconquistando o seu verdadeiro
lugar no campo da cultura e da acção litúrgica. É um instrumento de
que se vai aprendendo a gostar, à medida que o contacto directo com a
respectiva literatura musical consegue desvendar uma beleza e prazer
estético a que muito dificilmente se pode ficar indiferente. E se, na
sua essência, a música de órgão se destina a elevar as nossas almas
para Deus, mais razões temos para lhe restituir o lugar que lhe
compete no nosso mundo e na nossa cultura.
É
sobejamente conhecida a riqueza patrimonial da Arquidiocese de Braga
e, particularmente, de Guimarães no que respeita a órgãos de tubos,
marcando uma presença notória na história da arte organística
portuguesa. Compositores da região, presentes neste concerto, são
Gaspar dos Reis (mestre de capela da Sé de Braga) e Pedro de Araújo,
professor de música no Seminário Conciliar, no séc. XVII o qual se
afirma como um dos mais representativos compositores e organistas do
seu tempo. Dedicamos toda a primeira parte aos compositores
portugueses para órgão cujo repertório se enquadra nas características
do presente instrumento.
Ocorrem, no presente ano de 2000, os 250 anos sobre a morte de Johann
Sebastian Bach, nome que dispensa comentários quando se fala de música
de órgão. Não é muita a música de Bach que se possa executar num órgão
de apenas um teclado e sem pedaleira, mas não podmos deixar de
apresentar alguma que é bem significativa do estilo do compositor.
Numa festa de S. Francisco de Assis, bem gostaria de apresentar música
de órgão que tivesse o santo por referência. A única obra que conheço
é uma belíssima lenda romântica para piano de F. Liszt, transcrita
para Órgão por Camille Saint Saëns intitulada "Sermão de S. Francisco
aos Pássaros" que não seria possível interpretar neste instrumento.
Dentro da temática do pensamento franciscano apresento a Ária de Bach
"Vem doce morte" que nos recorda o final da célebre lauda franciscana
"bendito sejas pela irmã morte". Sendo a mensagem e enquadramento do
presépio tipicamente franciscanos, apresento tambem de Bach a
"Pastoral" em Fá maior, uma obra cujo primeiro andamento, sobretudo,
pretende evocar as flautas e cornamusas dos pastores em volta do
presépio.
Apraz-me recordar também hoje e aqui, com uma certa pontinha de
saudade e orgulho, que tive como professor de Órgão e grande amigo Fr.
Alberto Cerroni OFM, organista titular da Basílica de Santa Maria dos
Anjos em Assis, (na Porciúncula), uma pessoa cuja alegria e humor de
executante e professor era certamente a encarnação da mensagem do
cantor das criaturas. natureza, lição que procurei aprender e seguir
na minha actividade de organista.
Jorge Alves Barbosa