ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA AMIGOS DO ÓRGÃO

GUIMARÃES - IG. DE S. FRANCISCO

04 OUTUBRO 2000 - 16:00   

 
FESTA DE DE S. FRANCISCO DE ASSIS

Concerto inaugural do restauro do órgão (restauro de M. Fonseca)  

Organista:  Jorge Alves Barbosa


PROGRAMA 

I

COMPOSITORES PORTUGUESES DOS SÉC. XVII-XVIII 

Batalha de VI Tom - PEDRO DE ARAÚJO (1610-1684)

Tenção - GASPAR DOS REIS (S. XVII)

Sonata em Fá maior - FREI MANUEL DE SANTO ELIAS (S. XVIII)

Allegro - Adagio - Allegro

Meio registo do II tom acidental - DIEGO DA CONCEIÇÃO (S. XVII)

Sonata em Dó maior - Carlos Seixas (1704-1742)

Allegro - Adagio - Minueto

Fuga em Sol  - JOSÉ DA MADRE DE DEUS (S. XVIII)

II

250 ANOS DA MORTE DE JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750)

Pastoral em Fá maior

Pastoral - Lento - Recitativo cantabile - Final

Aria "Vem Doce Morte" (transcr. para órgão)

Partitas sobre o Coral "Gott, Du Frommer Gott"

Coral e oito variações

 


ANOTAÇÕES AO PROGRAMA:

O órgão é um instrumento que se caracteriza pelos seus mistérios sonoros imersos numa dimensão de grandiosidade considerável. Nas suas diferentes facetas, é um instrumento que vai reconquistando o seu verdadeiro lugar no campo da cultura e da acção litúrgica. É um instrumento de que se vai aprendendo a gostar, à medida que o contacto directo com a respectiva literatura musical consegue desvendar uma beleza e prazer estético a que muito dificilmente se pode ficar indiferente. E se, na sua essência,  a música de órgão se destina a elevar as nossas almas para Deus, mais razões temos para lhe restituir o lugar que lhe compete no nosso mundo e na nossa cultura.

                É sobejamente conhecida a riqueza patrimonial da Arquidiocese de Braga e, particularmente, de Guimarães no que respeita a órgãos de tubos, marcando uma presença notória na história da arte organística portuguesa. Compositores da região, presentes neste concerto, são Gaspar dos Reis (mestre de capela da Sé de Braga) e Pedro de Araújo, professor de música no Seminário Conciliar, no séc. XVII o qual se afirma como um dos mais representativos compositores e organistas do seu tempo.  Dedicamos toda a primeira parte aos compositores portugueses para órgão cujo repertório se enquadra nas características do presente instrumento.

                Ocorrem, no presente ano de 2000, os 250 anos sobre a morte de Johann Sebastian Bach, nome que dispensa comentários quando se fala de música de órgão. Não é muita a música de Bach que se possa executar num órgão de apenas um teclado e sem pedaleira, mas não podmos deixar de apresentar alguma que é bem significativa do estilo do compositor.

                Numa festa de S. Francisco de Assis, bem gostaria de apresentar música de órgão que tivesse o santo por referência. A única obra que conheço é uma belíssima lenda romântica para piano de F. Liszt, transcrita para Órgão por Camille Saint Saëns intitulada "Sermão de S. Francisco aos Pássaros" que não seria possível interpretar neste instrumento. Dentro da temática do pensamento franciscano apresento a Ária de Bach "Vem doce morte" que nos recorda o final da célebre lauda franciscana "bendito sejas pela irmã morte". Sendo a mensagem e enquadramento do presépio tipicamente franciscanos, apresento tambem de Bach a "Pastoral" em Fá maior, uma obra  cujo primeiro andamento, sobretudo, pretende evocar as flautas e cornamusas dos pastores em volta do presépio.

                Apraz-me recordar também hoje e aqui, com uma certa pontinha de saudade e orgulho, que tive como professor de Órgão e grande amigo Fr. Alberto Cerroni OFM, organista titular da Basílica de Santa Maria dos Anjos em Assis, (na Porciúncula), uma pessoa cuja alegria e humor de executante e professor era certamente a encarnação da mensagem do cantor das criaturas. natureza, lição que procurei aprender e seguir na minha actividade de organista.  

Jorge Alves Barbosa

 

   

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