ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA AMIGOS DO ÓRGÃO MÚSICA EM DIÁLOGO

António Simões, 15DEZ03

IGREJA PAROQUIAL DE OEIRAS

CONCERTO DE ÓRGÃO

14DEZEMBRO2003 - 16:00

ORGANISTA: RUI PAIVA


A Câmara Municipal de Oeiras, através da Divisão de Cultura e Turismo, e em colaboração com a Igreja Matriz de Oeiras, promoveu mais um concerto - A MÚSICA EM DIÁLOGO.

À semelhança do que vem fazendo há muitos anos, coube ao maestro José Atalaya  estabelecer o diálogo entre a música e o amplo auditório,  que encheu a magnífica Igreja.

Criou-se assim um ambiente dialogante entre os vários cenários presentes: O magnífico auditório,  casa de Deus, mas sempre aberta a iniciativas que ajudam a completar a realização  da pessoa humana; a assembleia, ávida de ouvir os sons do órgão; o narrador, o maestro, que tão bem sabe  chamar à atenção para o pormenor das notas sonantes; o instrumento, órgão de tubos, que do alto do coro, impõe a sua sonoridade nobre, muitas vezes com sobriedade, outras no pleno da imponência dos seus acordes; por fim, o artista que torna possível  conjugar tudo da melhor forma, o organista Rui Paiva, que nos enviou as "Boas Festas", isto é, transformou as partituras dos compositores em magníficos postais de Natal.

E foram esses  "postais" que pude escutar, desde a música adequada aos órgãos ibéricos - a Batalha, tão popular no séc. XVII e que punha em evidência todas as potencialidades do instrumento, nomeadamente, na riqueza tímbrica das palhetas, à tão conhecida mas não cansativa de ouvir, Cantata nº 147 de J.S. Bach "Jesus Alegria dos Homens".

O maestro José Atalaya fez questão de pedir a repetição da execução desta obra, deixando-nos uma alegria a cheirar a Natal.

E se o concerto ficaria bem, só com este repertório, foi ainda completado duma forma mais contemporânea. 

Certamente para alguns, um pouco inesperada, pelo facto de não termos o hábito de escutar nos órgãos históricos peças de sabor dissonante, mas, dignificante, por sentirmos que a música não parou no séc. XVIII, e que ainda é possível continuar a misturar as notas, sempre com coloridos novos.

Foi o que pudémos escutar, através da obra de Daniel Schvetz. Aqui e ali, por entre arremessos de discordância sonora, mas confortante, ouvimos a melodia do Natal de Elvas, que os sons das palhetas do órgão faziam distinguir na amplitude vibrante desta nova composição de Schvetz. Por fim, o acorde final, imponente, maior, mas requintado por uma sexta agradável, deu-nos o  mote para um Santo e Feliz Natal.

António Simões, 15Dez2003

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