IGREJA PAROQUIAL DE OEIRAS CONCERTO DE ÓRGÃO 14DEZEMBRO2003 - 16:00 ORGANISTA: RUI PAIVA A Câmara Municipal de Oeiras, através da Divisão de Cultura e Turismo, e em colaboração com a Igreja Matriz de Oeiras, promoveu mais um concerto - A MÚSICA EM DIÁLOGO. À semelhança do que vem fazendo há muitos anos, coube ao maestro José Atalaya estabelecer o diálogo entre a música e o amplo auditório, que encheu a magnífica Igreja. Criou-se assim um ambiente dialogante entre os vários cenários presentes: O magnífico auditório, casa de Deus, mas sempre aberta a iniciativas que ajudam a completar a realização da pessoa humana; a assembleia, ávida de ouvir os sons do órgão; o narrador, o maestro, que tão bem sabe chamar à atenção para o pormenor das notas sonantes; o instrumento, órgão de tubos, que do alto do coro, impõe a sua sonoridade nobre, muitas vezes com sobriedade, outras no pleno da imponência dos seus acordes; por fim, o artista que torna possível conjugar tudo da melhor forma, o organista Rui Paiva, que nos enviou as "Boas Festas", isto é, transformou as partituras dos compositores em magníficos postais de Natal. E foram esses "postais" que pude escutar, desde a música adequada aos órgãos ibéricos - a Batalha, tão popular no séc. XVII e que punha em evidência todas as potencialidades do instrumento, nomeadamente, na riqueza tímbrica das palhetas, à tão conhecida mas não cansativa de ouvir, Cantata nº 147 de J.S. Bach "Jesus Alegria dos Homens". O maestro José Atalaya fez questão de pedir a repetição da execução desta obra, deixando-nos uma alegria a cheirar a Natal. E se o concerto ficaria bem, só com este repertório, foi ainda completado duma forma mais contemporânea. Certamente para alguns, um pouco inesperada, pelo facto de não termos o hábito de escutar nos órgãos históricos peças de sabor dissonante, mas, dignificante, por sentirmos que a música não parou no séc. XVIII, e que ainda é possível continuar a misturar as notas, sempre com coloridos novos. Foi o que pudémos escutar, através da obra de Daniel Schvetz. Aqui e ali, por entre arremessos de discordância sonora, mas confortante, ouvimos a melodia do Natal de Elvas, que os sons das palhetas do órgão faziam distinguir na amplitude vibrante desta nova composição de Schvetz. Por fim, o acorde final, imponente, maior, mas requintado por uma sexta agradável, deu-nos o mote para um Santo e Feliz Natal. António Simões, 15Dez2003 |